por Daniel Gabarra | nov 27, 2009 | blog, relação terapêutica
O CRP disponibiliza uma tabela de honorários em Psicologia como referência para a cobrança dos serviços. Sua ultima atualização foi em agosto de 2007. Nessa época, o valor mínimo era de R$81,62, o médio R$122,00 e o máximo de R$139,93. Olhando por aí até parece fácil. Existe uma tabela, vamos segui-la.
Existem Clinicas Sociais que cobram R$5,00 por sessão, mas existe também profissionais que cobram R$200,00; R$300,00 ou até R$500,00 a sessão. Também conheço terapeutas que cobram valores que variam entre R$5,00 e R$200,00. Eu, particularmente, não me disponho a trabalhar por tão pouco (mas trabalho voluntariamente em uma instituição), mas também não deixaria desamparado um cliente meu que perdesse o emprego.
Pensando um pouco no terapeuta que cobra R$500,00, pode parecer absurdo. Mas talvez não, porque se eles cobram, existe quem pague ou até mesmo quem precisa pagar um valor desses para poder valorizar o trabalho terapêutico. Aí entramos em um outro mérito. Não consigo imaginar um bom terapeuta que não seja apaixonado pelo seu trabalho, e consequentemente apaixonado em ver o resultado e melhora de seus clientes. Aqui entra uma outra “moeda” com a qual se paga a terapia. O seu real envolvimento e dedicação em melhorar. Isso não significa que temos que melhorar rápido, pois cada um tem seu rítmo, mas sim que estamos verdadeiramente empenhados nesse processo.
por Daniel Gabarra | nov 20, 2009 | blog, relação terapêutica
Um dia desses, estava navegando nos relatórios de visita do blog e vi que alguém o havia encontrado através da seguinte busca no google: “psicologo intimidade paciente”.
Poderíamos dizer que a pessoa que, por ventura se sentiu intimidada, estava expressando sua resistência ao tratamento. Bem, isso até pode ser verdade, mas prefiro explorar outros lados da questão.
Lembrei do Livro “Como Falhar na Relação” que aborda o outro lado da questão. Nós psicólogos somos humanos, ainda bem, e consequentemente erramos, como qualquer outro ser humano. Mas o pior de todos os erros é não admitirmos que somos passíveis de errar e, ao pensar dessa forma, aprendemos cada vez menos com nossos erros e, consequentemente, erramos mais.
Mas, levando esse pensamento além, temos que nos permitir errar, e principalmente, aprender com nossos erros e estarmos cada vez mais preparados, seja para nosso trabalho, relacionamentos pessoais ou até mesmo atividades de lazer.
por Daniel Gabarra | nov 12, 2009 | blog, relação terapêutica
Em uma lista de profissionais de psicologia que participo, havia uma discussão sobre posturas “excessivamente técnicas” na condução de um caso psicoterapêutico. A fala de uma de nossas colegas me emocionou em especial, de forma que resolvi publicar no blog:
“Eu, ???????*, paciente, não busco exatamente um técnico, ou um terapeuta que tem puramente conhecimentos em procedimentos objetivos e/ou teorias; procuro muito mais aquele cujas vivências pessoais o tornam capaz de despertar em mim este “desejo de renovação”, o impulso para o equilíbrio e a maturidade para lidar com meus próprios sofrimentos. Para lidar com estes sofrimentos, quero um psicoterapeuta que tenha sim, alguns conhecimentos teóricos e que saiba (ou não), utilizar técnicas universalmente reconhecidas, mas que seja tão humano quanto eu. Felizmente, existem terapeutas assim: que têm seu jeito particular, pessoal, e que num toque de pura humanidade fazem a diferença entre uma pessoa escondida atrás de uma credencial, um autômato, um literato, uma enciclopédia, um manual de instruções. E, simplesmente, um bom profissional que com honestidade me consola, com transparência de idéias me alivia; que escuta, de fato, olha e vê minhas necessidades, num espaço onde há compreensão e aceitação, mútuas. Demonstrando que também tem emoções, me desarma de minhas defesas inúteis e, assim, proporciona confiança e conforto suficientes para que eu possa me reorganizar.
São referências como essas que me embasam para não fazer de minha profissão o agir sem emoções e com distanciamento excessivo, que é, talvez, o que muitas vezes caracteriza o ‘excessivamente técnico’ sobre o qual você falou.”
* O nome da terapeuta foi ocultado pois não consegue contatá-la para autorizar a divulgação.
por Daniel Gabarra | nov 5, 2009 | blog, crp, emdr, relação terapêutica, resposta terapêutica
Como o EMDR* é uma técnica relativamente nova, principalmente no Brasil, ainda não existia nenhum parecer ou posição do Conselho de Psicologia que validasse ou recomendasse o seu uso, apesar do emprego por parte psicoterapeutas de renome em todo o país, bem como em Programas de Ajuda Humanitária como na catástrofe em Florianópolis, no final de 2008. Há poucas semanas foi divulgado o primeiro parecer favorável ao uso do EMDR no Brasil. Temos que entender que este é um cuidado importante do Conselho de Psicologia em verificar a consistência teórica e prática das técnicas antes de validá-las. Lembro que apesar da literatura brasileira ainda ser escassa em relação ao tema, nas consultas de revistas internacionais indexadas, encontramos diversos artigos comprovando a eficácia do EMDR. Está na hora de produzirmos mais com base em trabalhos realizados no Brasil!!!
O parecer pode ser visto na integra aqui
por Daniel Gabarra | out 18, 2009 | blog, criatividade, emdr, relação terapêutica
Muito se fala de resistência e adesão ao tratamento, seja na psicologia ou em outras áreas, como a medicina. No caso de doenças crônicas, em geral, esta é uma questão muito delicada. Mas não pretendo falar dos aspectos da adesão ao tratamento médico.
Pretendo falar do quanto nos apegamos a uma determinada forma de agir ou responder a uma situação. Se, em algum momento, aprendemos a reagir assim, de alguma forma isso nos foi útil. Talvez até tenha sido o que de melhor poderíamos ter feito naquela situação*. O problema não é termos agido dessa ou daquela maneira. O que nos atrapalha é continuar reagindo da mesma forma, sem ao menos conseguirmos ver a situação por outro ângulo. Muitas vezes não percebemos que fazemos isso ou, se percebemos, temos muita dificuldade em mudar. É como se o apego àquela situação ou forma de agir fosse mais forte que nós mesmos, como se ela estivesse entranhada em nosso corpo. A psicoterapia vem nos ajudar a entender e lidar com isso, abrindo a possibilidade de agirmos, ou nos permitir o direito de escolher como agir. Neste aspecto, o EMDR se mostra uma ferramenta fantástica.
Mas o que isso tem haver com adesão ao tratamento?
Quantas vezes temos que abrir mão de alguma coisa para seguirmos em frente? Escolher um caminho não implica em renunciar ao outro?
Então vamos ter coragem, coragem pra enfrentar, coragem para nos permitir escolher qual caminho queremos.
*Quando aplicamos EMDR, em geral isso aparece com muita clareza.
por Daniel Gabarra | out 15, 2009 | blog, relação terapêutica
No dia a dia da clínica acabamos nos acostumando a determinados fantasmas de nossos clientes que, quando surgem, exigem que continuemos com calma, cautela. Afinal de contas, quem não tem um fantasma que, toda vez que aparece, faz com que a gente corra pra acender a luz e não poder mais vê-lo? Na verdade, a maioria das pessoas precisa espiar com calma esse fantasma, ir se aproximando devagar, para depois de algum tempo encará-lo de frente.
Mas como sempre, algumas pessoas nos surpreendem e, quando a gente se dá conta, ela já encarou o fantasma de frente e não nos cabe outra coisa a não ser estar ao lado para ajudar no que for necessário. São essas pessoas que nos mostram a força que o ser humano tem dentro de si e que, na verdade, os que ainda não conseguem encarar seus fantasmas, ainda não encontraram essa forma, e nós terapeutas temos que ajudá-los a encontrar. Mas essa força não está escondida, está dentro de cada um de nós, talvez apenas ofuscada pelos próprios fantasmas.