A Revista Galileu de Junho de 2010 traz a reportagem Uma cura para todos os medos. Nela, o que me chamou mais atenção foram duas diferentes perspectivas de tratamento. Uma delas seria uma droga que aplicada logo após o evento traumático, preveniria que ele se tornasse um trauma psíquico ao potencializar a plasticidade cerebral. A outra, já mais questionável, seria de uma droga capaz de apagar da memória o evento traumático. A reportagem discute muito os riscos envolvidos ao se apagar uma memória ou um medo, usando inclusive o exemplo do filme “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” ondem os personagens, ao apagar seus erros, teimam por repeti-los. Pensando assim, será que é melhor esquecer um sequestro e não aprender a se prevenir, do que lembrar e ser capaz de tomar mais cuidado?
Sei que trago a questão de uma forma bem superficial, mas de qualquer forma, a revista já a abordou de maneira melhor (pena que o texto na integra ainda está disponível apenas para assinantes). Por isso mesmo pretendo discutir outra perspectiva não abordada na reportagem.
No trabalho com EMDR, fico encantado com o quanto, ao reprocessarem o trauma, as pessoas aprendem com as dificuldades que viveram. Pensando dessa forma, ‘apagar’ o medo seria perder essa possibilidade. É claro que se pensarmos nos tratamentos convencionais, o tempo para se obter esse resultado pode ser longo demais, e o custo (tempo de sofrimento até o fim do tratamento) pode não valer a pena. Mas se pensarmos que hoje temos o EMDR como um grande aliado nesse trabalho, para que continuar sofrendo?