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EMDR no tratamento da dor crônica

EMDR in the treatment of chronic pain.

Fonte: J Clin Psychol. 2002 Dec;58(12):1505-20.

A dor crônica é um desafio clínico persistente e significativo. Os estudos que examinaram técnicas psicoterapêuticas comuns sugerem que os resultados nem sempre se mantem, e que a dor muitas vezes não é aliviada. Explorações de novos métodos mais efetivos são necessárias. Este artigo descreve uma aplicação de EMDR, desenvolvido para melhorar o enfrentamento e reduzir o sofrimento e a dor crônica. A efetividade do protocolo de EMDR para dor crônica foi investigada em três adultos que sofriam de dor crônica. A efetividade da intervenção foi medida ao início, durante e após a intervenção, com um seguimento de dois meses. Todos os clientes reportaram uma queda substancial nos níveis de dor, no afeto negativo e aumento da habilidade de controlar a dor depois do tratamento. Esses resultados mostram que o EMDR pode ser eficaz no tratamento de dor crônica e que novas pesquisas são necessárias.

Apagar memórias traumáticas?


A Revista Galileu de Junho de 2010 traz a reportagem Uma cura para todos os medos. Nela, o que me chamou mais atenção foram duas diferentes perspectivas de tratamento. Uma delas seria uma droga que aplicada logo após o evento traumático, preveniria que ele se tornasse um trauma psíquico ao potencializar a plasticidade cerebral. A outra, já mais questionável, seria de uma droga capaz de apagar da memória o evento traumático. A reportagem discute muito os riscos envolvidos ao se apagar uma memória ou um medo, usando inclusive o exemplo do filme “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” ondem os personagens, ao apagar seus erros, teimam por repeti-los. Pensando assim, será que é melhor esquecer um sequestro e não aprender a se prevenir, do que lembrar e ser capaz de tomar mais cuidado?

Sei que trago a questão de uma forma bem superficial, mas de qualquer forma, a revista já a abordou de maneira melhor (pena que o texto na integra ainda está disponível apenas para assinantes). Por isso mesmo pretendo discutir outra perspectiva não abordada na reportagem.

No trabalho com EMDR, fico encantado com o quanto, ao reprocessarem o trauma, as pessoas aprendem com as dificuldades que viveram. Pensando dessa forma, ‘apagar’ o medo seria perder essa possibilidade. É claro que se pensarmos nos tratamentos convencionais, o tempo para se obter esse resultado pode ser longo demais, e o custo (tempo de sofrimento até o fim do tratamento) pode não valer a pena. Mas se pensarmos que hoje temos o EMDR como um grande aliado nesse trabalho, para que continuar sofrendo?

EMDR no tratamento de dor cronica em membro fantasma.

EMDR in the treatment of chronic phantom limb pain.

Fonte: Pain Med. 2008 Jan-Feb;9(1):76-82.

OBJETIVO: Poucas pesquisas confirmam ganhos a longo prazo no tratamento da dor do membro fantasma. Este estudo descreve e avalia o EMDR no tratamento com longo seguimento. METODOLOGIA: série de casos de pacientes com dor em membro fantasma. CONTEXTO. Pacientes hospitalizados e pacientes em tratamento particular. PACIENTES: estudo de caso de cinco pacientes com dor em membro fantasma, com idade de 1 a 16 anos. Todos os pacientes haviam feito uso de diversos medicamentos antes do EMDR. INTERVENÇÃO: Três a 15 sessões de EMDR foram usadas para tratar a dor e suas ramificações psicológicas. MEDIDAS DE DESFECHO: os pacientes foram avaliados pela continuidade do uso da medicação, intensidade e frequência da dor, trauma psicológico e depressão. RESULTADOS: o EMDR resultou em uma significativa queda da dor ou sua remissão, redução da depressão e de sintomas de TEPT para níveis subclínicos, além de uma significativa redução ou eliminação do emprego de medicamentos relativos à dor fantasma e nociceptiva a longo. CONCLUSÕES: uma visão geral e o follow-up a longo prazo indicam que o EMDR foi bem sucedido no tratamento tanto da dor em membro fantasma quantod consequências psicológicas da amputação. Neste ultimo, inclui-se questões de perda da personalidade, luto, auto-imagem e ajustamento social. Os resultados sugerem que (1) um significativo aspecto da dor de membro fantasma é a memória fisiológica da dor nociceptiva experimentada no momento do evento, e (2) essas memórias podem ser reprocessadas com sucesso. Futuras pesquisas são necessárias para explorar as implicações teóricas e terapêuticas dessa abordagem.

Tratamento de Homossexuais Masculinos com Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) causado por ostracismo social e ridicularização:

Abordados com terapia cognitivo comportamental ou EMDR

Treatment of gay men for post-traumatic stress disorder resulting from social ostracism and ridicule: cognitive behavior therapy and eye movement desensitization and reprocessing approaches.

Fonte: Arch Sex Behav. 2008 Apr;37(2):305-16. Epub 2007 Aug 3.

Este estudo descreve o tratamento cínico de uma amostra de quatro homossexuais masculinos que sofriam de TEPT atribuído a repetidas experiências de ridicularização e ostracismo social, durante a infância e adolescência, devido a seu comportamento e aparência diferentes. Todos os homens na amostra apresentavam em comum as seguintes características: (1) infância com história de ridicularização e ostracismo social, tanto por pares quanto por adultos, focados em sua diferente apresentação c objetivo de levar à concordância com as normas aceitas; (2) a falta de redes de apoio social para os ajudar a lidar com esse estresse; (3) formas auto-destrutivas de reagir, iniciadas na infância e que continuaram até a fase adulta, na tentativa de diminuir a experiência da vergonha; e (4) sintomas de TEPT. Os modelos de tratamento utilizados e discutidos foram a terapia cognitivo comportamental e o EMDR.