por Daniel Gabarra | jan 27, 2011 | aprendizagem, blog, emdr, neuro, preconceito, relação terapêutica
Quando crescemos em um meio acadêmico, cercado de profissões tradicionais como Medicina, Engenharia, Direito… tendemos a nos referênciar por uma visão de mundo mais concreta. Com o passar do tempo, podemos enraizar essa visão ou nos abrir a novas perspectivas.
Ao mesmo tempo em que podemos alçar novos voos, temos de ser criteriosos nessas investigações para não cairmos em achismos e crendices sem fundamento. Mas na mesma medida, não podemos rejeitar as coisas a priori só porque não conhecemos ou não entendemos como aquilo se fundamenta.
No primeiro capítulo de “Curar: O Stress, a Ansiedade e a Depressão sem Medicamentos nem Psicanálise”, David Servan-Schreiber fala exatamente da possibilidade de buscar novos caminhos de forma responsável e consciente.
É uma reflexão válida tanto para os profissionais, em especial da saúde, quanto as pessoas de um modo geral. Leia on-line o primeiro capítulo do livro.
*autor de “Anticancer”
por Daniel Gabarra | jul 29, 2010 | blog, relação terapêutica
Um dia desses, eu estava na academia pensando nos diferente motivos que levam uma pessoa a frequentá-la. Existem aqueles que são obcecados pelo corpo, os quais vão como um culto narcisista. Existem outros que vão para cuidar, melhorar ou manter a qualidade e a saúde de seu corpo. Também existem aqueles que frequentam a academia como alternativa ao ócio da nossa vida moderna. Há ainda outros que buscam o exercício físico como forma de recuperar a saúde perdida em algum incidente.
Na psicoterapia, normalmente temos aquelas pessoas que nos procurar por ajuda para enfrentar um grande problema ou dificuldade. A psicoterapia existe para isso, mas será que somente isso?? Nós, psicólogos, também enfrentamos nosso problemas e, quando isso acontece, corremos para nossas terapias. Entretanto, a maioria dos psicólogos faz terapia constantemente. Não porque temos o tempo todo coisas com as quais não conseguimos lidar, mas porque sabemos que mesmo aqueles incômodos menores podem ser resolvidos com muito mais facilidade com a ajuda de um processo psicoterapêutico do que sem ele.
Na verdade, buscar a psicoterapia quando estamos de bem com a vida é uma atitude de prevenção e crescimento, assim como quando buscamos ou nos mantemos na academia pelo prazer de nos manter em forma e nos sentir bem com nosso corpo.
por Daniel Gabarra | mar 1, 2010 | blog, emdr, relação terapêutica, resposta terapêutica
Outro dia falei da medicação como tábua de salvação. Isso me fez pensar o quanto algumas pessoas encaram o EMDR dessa mesma forma. Por mais rápido e significativo que sejam os resultados do tratamento, ele demanda uma participação e envolvimento muito grande por parte do Cliente. A intensidade das emoções e sentimentos que surgem durante o reprocessamento, muitas vezes são tão intensas quanto no trauma original. A grande vantagem de reexperimentá-las, com o auxílio da estimulação, é o resultado de cessação do estresse e a resolução do conflito entre emoções, sensações, sentimentos e razão.
Buscar o EMDR achando que basta pensar em seus problemas e seguir a estimulação, assim como alguns vídeos do Youtube pregam, é tão equivocado quanto pensar que basta tomar a pílula da felicidade e seus problemas estão resolvidos (isso soou meio Tabajara!!).
O trabalho terapêutico, seja com o auxílio do EMDR, da medicação ou de qualquer outra técnica, só terá resultados efetivos a partir da reorganização dos sentimentos e estratégias de enfrentamento das situações, desencadeando efetiva mudança de comportamento. Afinal de contas, não adianta aguardarmos que o outro (que nos perturba) mude seu comportamento, isso depende dele. O que podemos mudar é nossa forma de encarar a situação e como respondemos a essa pessoa. Este é um convite para buscarmos a felicidade em nós, tendo o outro ao nosso lado, mas jamais como responsável pela nossa felicidade.
* Eye Movement Desensitization and Reprocessing ou Desensibilização e Reprocessamento por Movimento Oculares
por Daniel Gabarra | fev 22, 2010 | blog, relação terapêutica
Conheci o texto abaixo no seguinte Blog Teia de Ideias:
“Não me deixe rezar por proteção contra os
perigos, mas pelo destemor em enfrentá-los.
Não me deixe implorar pelo alívio da
dor, mas pela coragem de vencê-la.
Não me deixe procurar aliados na batalha
da vida, mas a minha própria força.
Não me deixe suplicar com temor aflito
para ser salvo, mas esperar paciência para
merecer a liberdade.
Não me permita ser covarde, sentindo sua
clemência apenas no meu êxito, mas me deixe
sentir a força de sua mão quando eu cair.“
Rabindranath Tagore
Essa reflexão me fez pensar nas expectativas das pessoas em relação à terapia e em como o processo terapêutico se inicia.
Muita gente procura a terapia esperando uma resposta mágica que resolva os problemas de sua vida. Ainda existem aqueles que nos procuram esperando uma orientação, um conselho, um passo a passo de como fazer ou seguir. É claro que, eventualmente, existem orientações ou esclarecimentos, mas, em essência, a psicoterapia busca exatamente o que o texto nos coloca. Ajudar a pessoa a entender e lidar com o ambiente e os sentimentos que a cercam. Assim o próprio sujeito terá melhores condições de lidar e responder às suas dificuldades. Mas apenas ele poderá tomar as novas atitudes em sua vida.
por Daniel Gabarra | fev 19, 2010 | blog, emdr, relação terapêutica, resposta terapêutica
Depois de me falarem da reportagem da Veja: A conquista da memória, fui conferir.
A discussão que me levou a ler a reportagem girava em torno da perspectiva de uma terapêutica medicamentosa para apagar memórias. Além das questões colocadas pelo próprio texto, como as outras memórias que também poderiam ser apagadas e o efeito colateral disso, penso em algo simples como um acidente de carro. Junto com o trauma do acidente, o motorista perderia a memória de seus possíveis erros e, consequentemente, não aprenderia a evitá-los. Ainda fiquei me perguntando:
Será que adiantaria simplesmente apagar a memória?
Qual será o real impacto disso no comportamento do sujeito?
Isso realmente apagaria o trauma?
Lembro-me de quando os antidepressivos e ansiolíticos foram descobertos. Acreditava-se que tínhamos descoberto a fórmula da felicidade. Na prática sabemos da importância dessa medicação, mas também sabemos que em geral elas apenas controlam um sintoma e que a terapia é fundamental para a efetiva mudança de comportamento.
Eu até preferiria achar que esse meu pensamento é de excessivo cuidado e um pouco retrógrado. Mas em se tratando de comportamento humano, dificilmente o caminho mais fácil é o melhor ou o mais eficiente. Um exemplo disso é o EMDR. Quando ouvi falar dele pela primeira vez, me soou meio mágico e essa mesma preocupação de que um caminho fácil seria pouco efetivo me veio ao pensamento. Com o tempo e prática, descobri o quanto o EMDR é realmente eficiente, mas não diria que ele é fácil, nem para o terapeuta, nem para o cliente. Ele tende sim a acelerar o processo, mas nem por isso o torna fácil.
O que me remete aquele ditado popular: O barato sai caro!!!
por Daniel Gabarra | fev 2, 2010 | blog, emdr, relação terapêutica, resposta terapêutica
Hoje quero aproveitar para falar o quanto a psicoterapia, em especial o EMDR (mas não apenas), pode trazer bons e rápidos resultados quando temos um problema pontual e um trabalho direcionado. É claro que não quero falar com isso que com duas sessões você terá seu problema resolvido. Mas pra falar a verdade, teve um professor com dificuldade em falar em público, que fizemos o trabalho com EMDR em 3hs. Lógico que isso não é a regra, mas é sim uma possibilidade dependendo da situação. Um pessoa que nunca teve dificuldades para dirigir, mas depois de sofrer um acidente não conseguiu mais, tem uma grande possibilidade de resolver esse temor em poucos encontros. Entretanto, alguém que sempre se sentiu inseguro, em que o dirigir é mais uma das situações nas quais a pessoa se sente assim, dificilmente conseguirá superar o medo de dirigir sem cuidar dos seus outros medos e inseguranças. Mas falando um pouco mais das possibilidades de bons e rápidos resultados, em relação ao Transtorno de Estresse Pós Traumático (TEPT) por exemplo, existem vários estudos que apresentam o controle dos sintomas (além do efeito de medicações) em 8 a 12 sessões. O medo de dirigir e a dificuldade em falar em público são outras 2 situações nas quais, em geral, o resultado é rápido. Mas o que determina ou não essa possibilidade é o histórico de cada um, o que deve ser cuidadosamente levantado nas primeiras sessões.