por Daniel Gabarra | jan 29, 2021 | autocompaixão
A compaixão é conhecida por praticamente todas as pessoas. Desde os primórdios da humanidade esse valor é considerado digno e respeitável, afinal, passa pela empatia de se colocar no lugar do outro, de sentir a dor do próximo e que se expande a fazer algo para amenizá-la ou se sentir feliz pela realização de outras pessoas.
Agora, quando falamos sobre a autocompaixão, o que vem à sua cabeça? Como o próprio nome já diz, essa ação está relacionada à forma como nos enxergamos em determinados momentos e circunstâncias, bem como agimos de fora para dentro, diante de uma reflexão interna.
Compaixão ou autocompaixão?
Perfeito mesmo seria se tivéssemos os dois na medida certa em nossas vidas. Ajudar o próximo, desde a pessoa que mais amamos até um desconhecido, faz bem para nós mesmo, inclusive para nossa saúde psicológica.
Da mesma forma, quando nos colocamos como prioridade em determinadas situações, sabendo compreender nossos erros, por exemplo, também é essencial para o nosso bem-estar. Afinal, não podemos colocar os demais indivíduos como prioridade acima do nosso bem-estar, certo?
Então, quando aliamos a compaixão à autocompaixão, o resultado é positivo para os aspectos pessoais e sociais da vida, quando estamos de bem com nós mesmos, é mais fácil estarmos de bem com as outras pessoas também.
Existem formas de potencializar minha autocompaixão?
Como diversas outras questões atribuídas ao nosso aspecto psicológico, a autocompaixão também pode ser trabalhada com a ajuda de profissionais da psicologia, já que seu desenvolvimento ou potencialização tem a ver, também, com o nosso autoconhecimento.
É normal nos sensibilizamos mais com o sofrimento do outro do que com o nosso, então uma boa forma de se familiarizar com a autocompaixão é imaginar: como você acolheria um amigo ou uma pessoa querida que estivesse passando pela mesma situação que você?
Suponhamos que você tenha se atrasado para um compromisso muito importante porque o trânsito estava caótico. Ao invés de se culpar e acabar gerando um estresse e muita ansiedade por causa disso, pense se fosse o seu colega se atrasando por uma questão que já não dependia mais dele. Seria mais fácil de compreender, não é?
No meio das cobranças excessivas acabamos nos deixando de lado, nos martirizando e esquecendo de praticar a compaixão com a gente em si. Afinal, assim como qualquer outra pessoa, nós também sofremos, cometemos erros e passamos por momentos complicados.
Todos podemos e merecemos
Tudo isso vale também para os bons momentos, achar que você não merece determinada realização é nada benéfico. Assim como o próximo, merecemos e devemos celebrar as pequenas e grandes conquistas.
Praticar a autocompaixão é saber passar pelos mais diversos momentos, extraindo o melhor deles e sabendo que somos exatamente como qualquer outro ser; possuímos sentimentos semelhantes e falhas, aceitá-las e entendê-las é a chave para uma vida mais saudável e com paixão para os outros e para a gente.
Que tal saber mais? Clique aqui e veja na íntegra a minha entrevista com a Dra. Albina Torres sobre autocompaixão no meu canal do YouTube. E para conhecer ainda mais sobre saúde e bem-estar psicológico, acesse: danielgabarra.com.br.
por Daniel Gabarra | jan 22, 2021 | janeiro branco
Você provavelmente deve estar sabendo que estamos no mês dedicado à saúde mental, denominado de Janeiro Branco. Mas sabe por que esse é o mês escolhido e por qual motivo ele é importante também para você?
Hoje vou te contar tudo isso e um pouquinho mais! Fique ligado neste conteúdo inédito e já pode salvar o link para compartilhar com quem é importante para você, afinal, não importa a época do ano, ter saúde psicológica é sempre fundamental pra todo mundo!
Por que janeiro?
O que vem à sua mente quando falamos sobre o mês de janeiro? Início de ano, novos planejamentos, mudanças acadêmicas, profissionais e etc? Imagino que seja tudo isso e muito mais. Entretanto, todas essas coisas citadas não vêm sozinhas, não é mesmo?
Geralmente elas estão acompanhadas de ansiedade, estresse e uma vontade inexplicável de querer fazer tudo e nada ao mesmo tempo, uma cobrança grande de nós por nós mesmos e por outras pessoas. Tudo isso, claro, não é benéfico para nossa saúde mental que, dessa forma, já começa o ano prejudicada.
Para combater e fazer um grande alerta em relação a tudo isso, nada melhor que um mês todo dedicado ao bem-estar psicológico e à sua importância para a nossa qualidade de vida. Por esse motivo janeiro é o mês escolhido!
É possível não se fazer essa cobrança todo início de ano?
Possível sempre é, mas, claro, não é fácil. Essas cobranças de ano novo são tão enraizadas que ressignificá-las pode ser uma missão um pouquinho mais difícil. Ter ajuda profissional para isso não é coisa de outro mundo, pelo contrário, pode ser fundamental para um ano mais saudável.
Afinal, ainda estamos naquele clima de início de ano, as coisas entrando na normalidade habitual aos poucos e algumas perguntas sem respostas ainda estão pairando em nossos pensamentos.
E o primeiro passo é saber que isso é normal, afinal, para a maioria das pessoas o novo ano significa mais do que uma virada de calendário. Pode significar uma nova jornada profissional, uma nova fase nos estudos e na vida de maneira geral.
Lidar com tudo isso pode ser a chave para um começo de 2021 mais tranquilo e, consequentemente, um ano inteiro mais pleno, seja dentro do seu roteiro traçado ou não. Aliás, saber que nem tudo ocorre como desejamos é essencial para mantermos nossa estabilidade emocional.
Então, sinta-se à vontade para criar seu planejamento e, claro, não criar! Seus novos desafios e imprevistos estarão acompanhados, também, de novas conquistas que você nem poderia imaginar. A vida pode ser agradável de diversas formas, inclusive junto às incertezas.
Janeiro Branco é sobre isso
Essa campanha vem para te lembrar que não só agora, mas nos 12 próximos meses, as coisas podem ser diferentes e com muito mais saúde! Procurar ajuda psicológica não é algo ruim, pelo contrário, é um grande passo para uma vida bem mais saudável e cheia de realizações.
Viu? Este é o tipo de conteúdo que vai ser legal guardar pra você e compartilhar com os amigos nos grupos. Para conhecer mais sobre saúde e bem-estar psicológico, acesse: danielgabarra.com.br.
por Daniel Gabarra | dez 29, 2020 | relato de caso
Este artigo buscou examinar o relato de experiência de um processo psicoterapêutico em Brainspotting e foi feito por uma psicóloga de uma instituição que atende pessoas em situação de vulnerabilidade econômica.
O envio do relato foi pré-requisito para o processo de seleção de bolsas de estudo para participar da fase 2 da Formação em Brainspotting. Para evitar a identificação do paciente e preservá-lo, seus dados serão alterados.
Sobre o Brainspotting:
Brainspotting é uma metodologia de base cérebro-corpo-relacional, desenvolvida e ampliada por David Grand, PhD e terapeuta nova-iorquino com vasta experiência em trabalho com traumas. Ela articula o conhecimento dos processos de memória e autorregulação cerebral com a expressão corporal e com a perspectiva relacional da psicoterapia para produzir o melhor resultado terapêutico. Isso promove a autonomia das pessoas sobre seu próprio processo de cura.
Por se tratar de uma terapia que dá suporte ao processo natural de autorregulação do sistema nervoso, os resultados se destacam quanto, ao tempo de resposta, a profundidade e a generalização dos resultados alcançados.
Sobre a formação em Brainspotting e a Bolsa de Estudos:
A Formação em Brainspotting é sistematizada no mundo todo a partir das diretrizes da Brainspotting Training Inc. No Brasil, uma das pessoas autorizadas para oferecer esse treinamento é Daniel Gabarra. Ele é graduado em psicologia pela UFSCar e sempre se preocupou com o compromisso social da psicologia. Devido a isso, foi oferecida a Bolsa de Estudos para a formação em Brainspotting, a fim de permitir o acesso dessa metodologia a populações que tradicionalmente não teriam.
Inicialmente, a bolsa era oferecida apenas a profissionais da psicologia vinculados ao SUS, SUAS e ONGs, mas em 2020 ela foi ampliada para psicólogos negros, transsexuais, indígenas, entre outras populações que historicamente vivenciam a negação de seus direitos sociais1.
(nota de rodapé 1 do tipo parar sobre o 1 e aparecer o texto.) Para saber mais acerca do programa de bolsas, acesse: https://danielgabarra.com.br/bolsa
Relato de Experiência:
Serão utilizados os registros feitos pela profissional em atendimentos realizados pelo Instituto Psicologia Para Todos, entidade sem fins lucrativos que atende pessoas em vulnerabilidade econômica e social em Serra/ES. As frases entre aspas ora são da psicóloga, ora da paciente.
A paciente, Ana Júlia (nome fictício), tem 55 anos, é moradora de um bairro da periferia, casada há 38 anos e mãe de duas filhas, uma com 34 e outra com 32 anos de idade. Ela trabalha como atendente de farmácia de um município vizinho, e exerce essa atividade em desvio de função, já que foi contratada pela empresa de serviços de limpeza como copeira.
O primeiro encontro foi realizado no Plantão Psicológico online. Neste momento, ela relatou que tem “um quadro de depressão há mais de 30 anos, logo após o nascimento da primeira filha. Começou a ter tonturas, dores de cabeça e no corpo, além de nervosismo” . Na ocasião, ela foi levada para a Santa Casa de Misericórdia de Vitória/ES, tendo sido atendida por vários médicos no pronto atendimento. Segundo ela, “foi encaminhada para o neurologista e em seguida para um psiquiatra, sendo diagnosticada com depressão crônica”. Ela contou que fez tratamento psicoterápico com diversos profissionais, que não percebia resultado e que, portanto, tinha interrompido tudo.
A paciente relatou usar as seguintes medicações: Clonazepam, Amitriptilina e Nortriptilina. Ela disse que “usou 17 tipos de medicações, não lembrando dos nomes, mas afirma que eram muitos e foram diminuindo com o tempo”.
Durante essa escuta inicial, ela se apresentou como uma pessoa bem humorada, com autocuidado e higiene preservados. Seu discurso, bem articulado, foi marcado por um tom depreciativo sobre si e sua vida. Repetiu várias vezes que não era capaz e que não conseguia: “tudo é difícil comigo, nada dá certo, não vai mudar” . Mesmo que em um tom de brincadeira, ela usou várias vezes tais termos, enquanto falava e meneava a cabeça como quem está negando.
Sobre as relações familiares, mantendo o mesmo tom, falou positivamente apenas da relação com as filhas, pontuando categoricamente: “pelo menos isso, né?”. Deixou claro a sua descrença em mudanças significativas na sua vida e nas pessoas ao pontuar que quando casou, “achou que a vida seria diferente, porém, mesmo hoje que o esposo não bebe mais, nem joga, ela acredita que ele, na verdade, não mudou. Ele é assim porque ele está doente” .
Foi investigado se ela sofreu maus-tratos pelos pais na infância e no casamento. Ela relatou que foi maltratada pelos pais e pelo marido, “que mentia muito, se envolvia com jogos, trazendo dificuldades para família e muitas discussões, assim como ciúmes”. A paciente negou ter sofrido agressões físicas e confirmou ter vivido agressões verbais e psicológicas constantes. Ao contar sobre isso, a paciente disse “sentir muitas dores e uma angústia que não tem explicação”.
A terapeuta interveio com as questões “A sua vida é muito ruim? Não há nada de bom? Seu relacionamento com suas filhas é ruim?”, com o objetivo de fortalecer os aspectos positivos e de mudança relatados durante a sessão. A paciente foi encaminhada do plantão para um atendimento regular com a mesma profissional e orientada a fazer exercícios de respiração como técnica de relaxamento.
No segundo atendimento, a paciente, ao responder como tinha sido sua semana, utilizou uma frase negativa em um tom de brincadeira: “tudo é muito difícil doutora, lidar com as pessoas, confiar, isso dói muito, minha vida é só sofrimento”. Nesse momento, foi sugerido o processamento em Brainspotting, no qual a psicóloga questionou em que parte do corpo a paciente sentia essas dores, ao que Ana Júlia responde: “no corpo todo”. Ela falava gesticulando e agitando muito braços e pernas.
Foi utilizado o manejo de Brainspotting de Janela interna, que propõe para o cliente identificar, com o auxílio do terapeuta, uma direção dos olhos em seu campo visual com a qual o foco ou queixa (dor e sofrimentos) e a sensação corporal (dor no corpo todo) se intensificam, o que é denominado brainspot ou posição ocular relevante.
Esse processo visou favorecer a sustentação do foco na queixa, a fim de potencializar a auto varredura do cérebro-corpo e, com isso, auxiliar a regulação afetiva da rede de memória em foco. Também buscou-se como referência o nível de ativação da queixa, ou seja, o quanto ela se sentia mobilizada com a questão em uma escala de zero a dez, na qual zero é nenhuma mobilização/ativação e dez, a máxima que ela pode imaginar. Essa escala é uma adaptação da SUDS (Subjective Units of Distress Scale, em tradução livre: Escala de Unidades Subjetivas de Desconforto), proposta por Joseph Wolpe.
Ana Júlia relatou ter uma SUDS inicial de valor 10 e estava muito agitada ao começar o processamento. Falou que a culpa era dela: “eu sou complicada mesmo, não consigo”. Nesse momento, foi feita uma intervenção da terapeuta: “porque que é tão importante acreditar que você é difícil?”. Depois, a seguinte fala com o objetivo de psicoeducação: “permita que as lembranças, pensamentos, coisas que você ouviu… não é porque você ouviu isso muitas vezes… que é uma verdade absoluta, e que você pode mudar isso se quiser. Acolha o que vier nesse momento, seja gentil com você, abrace você mesma. Sinta-se acolhida nesse momento”.
A partir desse momento, a paciente entrou em um processamento mais profundo, com longos momentos de silêncio e, com isso, pôde-se observar que a agitação foi diminuindo. Ela continuou balançando a cabeça, como foi descrito na primeira sessão, mas foi possível perceber, aos poucos, um relaxamento do tônus do ombro e da postura da cabeça. Com passar do tempo, o corpo estava com uma postura diferente e mais relaxada. Nesse momento, a terapeuta verificou o valor de SUDS e perguntou o quanto a questão ainda mobilizava a cliente, que respondeu que estava em sete. Foi então sugerido que a paciente continuasse com olhar para aquele brainspot e “acolhesse o que viesse naquele momento”.
Ao se aproximarem do do final da sessão, a paciente foi questionada novamente quanto ao valor de SUDS. Respondeu que era três e, com isso, foi proposta uma técnica de respiração em conjunto com a continuidade do manejo de Brainspotting de Janela Interna. Após um tempo observando as mudanças no tônus muscular, na diminuição do menear da cabeça e na respiração, a terapeuta verificou novamente quanto isso a mobilizava a paciente, que respondeu “que não, que naquele momento ela estava tranquila, não havia nada” .
A sessão foi finalizada e foi explicado à paciente que se ela sentisse “alguma coisa”, poderia ficar à vontade para contatar a terapeuta. Foi avaliado neste momento se a paciente estava bem para o fechamento da sessão, e ela “falou com tranquilidade que no início foi muito difícil, mas que se sentia bem, sem entrar em detalhes” .
Na terceira sessão, a paciente já apresentava uma postura muito diferente ao ser questionada se a semana havia sido boa. Ela falou que “as pessoas em casa e no trabalho estão comentando que ela estava diferente. Será, doutora?”. Ao ser perguntada sobre o que ela achava, falou que “não sabia, que era tudo muito difícil… que a vida é muito difícil” .
Disse que tinha algo muito importante para falar, “uma lembrança, que ela teve durante a semana, de algo que aconteceu na infância e que ela nunca havia falado com ninguém, mas que precisava falar… e sentia um desejo incontrolável de falar sobre isso” . A terapeuta explicou que “às vezes essas coisas acontecem, às vezes as lembranças não vêm na sessão, mas depois”. Então, ela relatou que “no dia seguinte à sessão teve muita dor de cabeça pela manhã, mas que a dor foi diminuindo ao longo do dia e que tinha sido a melhor semana sua vida”.
Continuou contando sobre uma tentativa de abuso na infância. Ao relatar essas lembranças, ficou muito agitada e se emocionou, ficando com os olhos vermelhos e chorando. Ana Júlia foi acolhida pela terapeuta, que lhe disse “que não tinha sido culpa dela, que o comportamento do tio… a responsabilidade pelo comportamento de um adulto é sempre do adulto, nunca da criança, e que aquele comportamento não tinha a ver com ela” .
A paciente se estabilizou e passou a contar sobre sua vivência com os pais e os irmãos, que também a agrediram física e verbalmente: “eu apanhava por tudo, tudo era responsabilidade minha, tudo era minha culpa”. Falou de suas dificuldades de aprendizagem e de como isso era utilizado como motivo para apanhar sempre, e relatou que apanhava por “qualquer outra coisa”. Disse que era uma pessoa difícil. “Como confiar nas pessoas, mesmo nos irmãos? Quando casei, esperava que seria diferente a vida, o que não aconteceu”.
Foi questionado à paciente onde ela percebia essa desconfiança e insegurança no corpo. Disse que “mobilizava muito, fazendo com que sentisse um peso muito grande nos ombros, mas também outras partes do corpo”. Questionada sobre o valor de SUDS, respondeu que 10. Nesse processamento, foi possível perceber uma mudança significativa desde o início. Em vez de falar “quanto era difícil”, só perguntou “será que consigo?”. Ao longo do processo, diminuiu o menear da cabeça, o que sugeriu que estava mais relaxada. Ana Júlia pareceu mais entregue ao processamento, pois iniciou com um valor de SUDS dez e terminou com um zero. O valor zero persistiu mesmo quando lhe foi solicitado que entrasse em contato com qualquer mobilização que a questão ainda pudesse provocar nela. Ao final da sessão, ela disse que “foi muito bom, diferente da outra vez. Acho que é muito bom poder falar com alguém dos problemas e do que aconteceu”.
Nos quarto e quinto atendimentos, foram realizados novos processamentos com Brainspotting, tendo como foco o sentimento de culpa da paciente. Sempre latente em seus relatos, esse sentimento foi trabalhado no contexto de suas preocupações relacionadas à família, principalmente a sua irmã, que estava doente e que não podia, então, exercer o papel que costumava fazer de cuidadora da mãe delas.
No sexto atendimento, a paciente parecia bastante animada. Contou espontaneamente sobre suas mudanças, relatando que foi à consulta com a psiquiatra e que a médica observou diferença entre um atendimento e outro, como não precisar da ajuda da filha para falar, pois não chorava mais. A dosagem da medicação foi reduzida pela psiquiatra.
Ana Júlia reforçou como as pessoas do trabalho e da família continuavam percebendo essa diferença. Durante o atendimento, a paciente foi menos enfática ao citar sua incapacidade, sugerindo uma mudança no padrão de comportamento, “de se julgar uma pessoa difícil, de que tudo é sua culpa e é que as coisas não mudam ou são quase impossíveis de mudar”. A paciente falou de medo, insegurança, desconfiança dos outros e de si mesma, entre outros sentimentos e comportamentos.
O manejo em Brainspotting, ao propor autorregulação a partir da sintonia dual, potencializado pela posição ocular relevante, fortaleceu a aliança terapêutica estabelecendo a confiança necessária para o relato da memória traumática. A paciente chegou a afirmar que “desde a primeira vez, se sentia mais leve e conseguia falar de coisas que ela nunca havia falado para ninguém, e como é bom fazer esse processamento sem precisar falar”.
A paciente continua sendo atendida pelo Instituto Psicologia Para Todos e, apesar de apresentar um quadro que sugere humor rebaixado, tem se apresentado bem humorada durantes as sessões, com insights positivos em relação a si e comportamentos mais adaptativos. Ela relatou que estar grata pelo atendimento, que passou ter confiança no processo psicoterápico, e que estava satisfeita com o atendimento.
Alessandra de Freitas Dias de Jesus atua como Psicóloga Clínica, Terapeuta em Brainspotting; MBA em Serviço Social e Políticas Públicas pela Faculdade Cândido Mendes; Pós-Graduada em Saúde Coletiva pela FAVENI; Fundadora do Instituto Psicologia Para Todos, uma ONG criada em 2017 com finalidade de tornar acessível o atendimento psicológico às pessoas em situação de vulnerabilidade econômica e social; Atuou durante 2 anos e meio na Secretaria de justiça do Estado do Espírito Santo (SEJUS). Hoje, além do atendimento clínico no Consultório e no Instituto, é Servidora Pública (DT), atuando no CRAS do Município da Serra-ES.
Daniel Gabarra é especialmente um eterno aprendiz e acredita na melhora e cura tanto do sujeito quanto da humanidade. Nesse caminho ele se tornou Trainer em Brainspotting e PNL, Supervisor e Facilitador de EMDR, Especialista em Psicodrama, Terapeuta de AIM e constelação, flerta com Ayurveda e é graduado em Psicologia pela UFSCar.Tiago Noel Ribeiro é psicoterapeuta. Atuou quase 10 anos em serviços públicos de saúde, atualmente se dedica a clínica e a pesquisa de doutorado.
por Daniel Gabarra | dez 17, 2020 | ambiente profissional
Você sabia que, segundo dados da Organização Mundial da Saúde, para cada 1 dólar investido em tratamentos para transtornos mentais por empresas aos seus funcionários, há um retorno 4 vezes maior em produtividade?
E muito além disso, cuidar do bem-estar psicológico dos colaboradores já é visto como dever de milhares de instituições pelo mundo, afinal, um ambiente negativo e outras questões profissionais podem afetar a saúde mental dos funcionários!
Saúde mental e economia
Para se ter uma noção, estima-se que 264 milhões de pessoas sofrem, por exemplo, com a depressão. E, claro, boa parte deste número muito expressivo possui trabalho fixo, ou seja, essas pessoas convivem e trabalham diariamente com essa disfunção psicológica.
Ação que obviamente impacta diretamente no desempenho, convívio e produtividade profissional. Ainda em números, a OMS destacou que, por ano, a economia global perde 1 trilhão de dólares por conta da diminuição ou perda da produtividade causada, justamente, pela depressão.
E a sua empresa, ela se preocupa com o bem-estar psicológico dos seus colaboradores? Os líderes do local onde você trabalha realizam ações que proporcionam mais saúde mental ou incentivam a busca pelo atendimento terapêutico?
Bom, existem pesquisas e dados, como os apresentados aqui, que comprovam essa importância, inclusive economicamente. Não à toa, o número de empresas que investem nessa questão não para de crescer. Em 2019, 49% das instituições possuíam iniciativas de promoção à saúde psicológica.
O que demonstra essa importância, sem falar que, nos dias atuais, de acordo com a Secretaria da Previdência, as disfunções psiquiátricas são a terceira causa mais comum de afastamento do trabalho.
Muito além dos números e cifrões
Obviamente, essa questão não deve e nem pode possuir apenas relevância na questão financeira ou das estatísticas, estamos falando da saúde de seres humanos e nenhuma pode ter um valor estimado.
As empresas devem sempre pensar na aliança entre os seus próprios interesses e suas responsabilidades com as pessoas que dedicam boa parte de suas vidas ao trabalho prestado às instituições.
Além disso, em diversas ocasiões, o próprio ambiente de trabalho pode ser o causador de problemas psicológicos, desde um pequeno desgaste a disfunções mais complexas. E se as empresas são responsáveis pela saúde física de seus colabores, deveriam, da mesma forma, se responsabilizarem e promoverem a saúde mental.
por Daniel Gabarra | dez 14, 2020 | memórias
É impossível não guardamos em nós mesmos nada do que passamos na vida, sejam as coisas positivas ou negativas, de forma consciente ou inconsciente, acabamos, sim, armazenado essas vivências em nossa mente, ação que pode acabar impactando em diversas questões no futuro e no presente.
Desde a nossa personalidade, jeito de agir, disfunções físicas e psicológicas, fobias, medos, desejos e milhares de outras questões podem estar relacionadas às memórias que guardamos, mesmo aquelas que consideramos inofensivas.
Por que isso acontece?
Isso é muito comum, acontece com todas as pessoas, quase que literalmente. Afinal, não somos máquinas e nem temos controle sobre tudo que nos acontece, mesmo que internamente… dentro de nós mesmos. Afinal, somos mais do que nossa razão é capaz de compreender.
Logo, nossas experiências acabam sendo gravadas em nossas redes de memórias, mesmo que de forma involuntária e, quando não são devidamente processadas, acabam se manifestando externamente de diversas formas.
Como isso pode nos impactar no dia a dia?
Quando não tratamos essas memórias ou buscamos entendê-las mais a fundo, ela pode acabar se transformando em outras coisas que vão desde uma ansiedade, estresse, um bloqueio… sensível em situações do dia a dia ou em doenças físicas e psicológicas.
Nem sempre a memória em si pode ser a causadora dessas questões, mas elas podem ser o ponto de partida para ações, sensações e pensamentos até então desconhecidos e que, também, possuem soluções desconhecidas para nós.
Por isso, quando se inicia um tratamento psicológico, é muito importante fazermos um resgate da vida do(a) cliente para entendermos o que pode estar ou não relacionado à queixa que o(a) fez nos procurar. Por meio de sua própria memória podemos alcançar a dor e, consequentemente, os tratamentos para a solucionarmos.
O que fazer para processar nossas memórias
Como tudo em nossas vidas, não existe a fórmula do sucesso para sabermos como lidar com o que nossa mente guarda ou não, a chave está no autoconhecimento, em saber o que pode ou não impactar em você e como processar aquilo.
Claro, esse processo é muito complexo e, além de ser importante ter ajuda para colocá-lo em prática, é de merecimento de qualquer pessoa. Não saber exatamente como lidar com tudo isso é muito natural, uns podem ter mais facilidade que outros(as), mas todos(as) podem ser igualmente capazes.
E hoje a psicologia conta com ferramentas como o Brainspotting, o EMDR e a AIM que são muito mais eficazes para trabalhar, descongelar e modificar esses padrões de memória.
No fim das contas, é bem provável que exista alguma relação traumática ligada a determinadas memórias por trás das questões a serem tratadas, e é importante passar a tentar entendê-las, inclusive, com a ajuda do atendimento terapêutico. Buscarmos ser o melhor para nós mesmos é o caminho para sermos melhores, também, para o mundo.
Curioso como tudo que nos acontece pode ser mais profundo do que imaginamos, não é mesmo? Que tal conhecer um pouco mais sobre saúde e bem-estar psicológico? É só clicar aqui e ficar ligado(a) em nosso blog e redes sociais.